Criptorquidismo

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Chama-se criptorquidismo a ausência de um ou dos dois testículos no escroto e/ou a impossibilidade localiza-los quando palpamos a bolsa testicular. A maior parte dos casos é unilateral sendo o lado esquerdo o de maior incidência.
O criptorquidismo é a anomalia mais comum em cães de raça pura, atingindo entre 1 a 11%  dos cães e podendo chegar a 14% em algumas raças. Traz consequências para a saúde  determinando infertilidade, risco de torção e aumentando o risco de neoplasias testiculares. Acredita-se que fatores epigênicos e ambientais possam estar ligados ao criptorquidismo.
Os testículos podem estar ausentes por agenesia ou comprometimento vascular  intra-uterino (como por exemplo, na isquemia por torção). A ausência congênita de testículos denomina-se anorquia. Quando ectopicos tendem a permanecer em algum  ponto no  trajeto entre o abdômen e o escroto. Os locais mais comuns de encontrá-los, quando não estiverem no escroto, são a virilha, região supra púbica, antero lateral à coxa ou intrabdominal (menos comum).

Infertilidade ou diminuição da fertilidade

A redução da fertilidade está especialmente ligada à localização intrabdominal e intracanicular (considerando-se que não haja síndrome genética envolvida), possivelmente relacionada ao comprometimento da espermiogênese pela temperatura. Na bolsa testicular a temperatura mantém-se em torno de 2ºC inferior à temperatura corpórea para eficiente promoção da espermiogênese.

Os riscos à saúde

Testículos que não “desceram” aumentam em 13 vezes as chances de desenvolverem tumores em relação a testículos que se encontram na bolsa testicular e a localização com maior chance de desenvolver câncer é a intrabdominal.
Testículos que não desceram tem grande risco de torção.
A migração dos testículos para a bolsa  inicia-se em torno do quinto dia após o nascimento e está intimamente ligada à produção de testosterona pelas células de Leidig. A mãe não possui hormônios masculinos para ajudar no processo e todo o trajeto de descida é promovido por conta do organismo do recém nascido. Normalmente entre o 10º e o 42º dias de vida já podem ser palpados. A pressão abdominal está relacionada à migração dos testículos, então o desenvolvimento muscular do filhote deve ser estimulado para promover a correta migração. Não confinar o filhote mantendo-o em contato com a mãe e os irmãos garante exercício na medida certa.

Cadê o grãozinho que estava aqui?

Os testículos também podem ser retráteis, ou seja, apresentam-se dentro da bolsa testicular e num exame posterior simplesmente nota-se que “sumiram”. Normalmente retraem para a cápsula  ou virilha, no entanto já foi registrado caso de retração para o abdômen. Então testículos que “sobem e descem” devem ser acompanhados constantemente por palpação até que o cão atinja os 6 meses de vida, quando deverão permanecer aprisionados no escroto pela cápsula. Testículos retráteis não podem ser considerados testículos normais que deixaram de descer, atualmente eles não se encaixam mais nesse conceito.

Diagnóstico 

Faz-se pela palpação e ou por US. Os testículos não apresentam opacidade suficiente para serem visualizados por RX.

As causas

A razão pela qual os testículos deixam de chegar ao seu destino podem ser  várias e a patogênese  é uma incógnita. Muito especula-se sobre herança genética ligada ao criptorquidismo, no entanto as bases moleculares envolvidas ainda são obscuras e carecem de pesquisas para iniciarem sua elucidação. Causas mecânicas, hormonais e ambientais estão associadas a não decida dos testículos. As síndromes genéticas são também apontadas como responsáveis pela criptorquidia como as síndromes que determinam genitália ambígua, hermafroditismo, redução da musculatura da parede abdominal, hipospadia (uretra desembocando antes da ponta do pênis) etc.

O tratamento hormonal para promover a descida dos testículos deve ser precoce e acompanhado pelo especialista em reprodução canina. Promover a “descida” dos testículos por medicação somente deverá se dar como forma de facilitar a exorquidia ( retirada cirúrgica dos testículos) fazendo com que migrem para local de mais fácil acesso. Os testículos ectópicos  deverão ser removidos a fim de preservar a saúde do cão.O reposicionamento cirúrgico tem como risco principal o desenvolvimento de câncer pelo testículo reposicionado, sendo mais seguro optar-se pela castração do animal. A maior incidência dos tumores de testículos se dá em cães com criptorquidia com idades entre 4 e 10 anos.

É bom saber
Um testículo que permaneceu fora da bolsa testicular até o inicio da adolescencia  ou vida adulta estará sujeito a elevado risco de neoplasias.
Neoplasias de células germinativas costumam ser extremamente invasivas e agressivas. Mesmo no homem a opção pela conservação de um testículo ectópico costuma ser desaconselhada.

Sirley V Velho
www.skonbull.com

Referências
1-Ed.J. Gubbels a,d,∗, Janneke Scholtena, Luc Janssb,c, Jan Rothuizend. Relationship of cryptorchidism with sex ratios and litter sizes in 12 dog breeds. 2009 journal homepage: www.elsevier.com/locate/anireprosci
2- X. Zhao, Z.-Q. Du & M.F. Rothschild. An association study of 20 candidate genes with cryptorchidismin Siberian Husky dogs. J. Anim. Breed. Genet. ISSN 0931-2668ª 2010
3- G. Dolf, C. Gaillard, C. Schelling, A. Hofer and E. Leighton,Cryptorchidism and sex ratio are associated in dogs and pigs. http://jas.fass.org/cgi/content/full/86/10/2480
4- Christopher S Cooper, Undescendent testes ( cryptorchidism) in children and adolescents .
http://www.uptodate.com/patients/contenttopic.do?topicKey=~g.C4a2uVisw_iKC

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